quinta-feira, 23 de julho de 2009

Já não sei se sei..

Andorra, 2009



Aqui me sentei quieta
Com as mãos sobre os joelhos
Quieta muda secreta
Passiva como os espelhos
Musa ensina-me o canto
Imanente e latente
Eu quero ouvir devagar
O teu súbito falar
Que me foge de repente.


in Musa, Sophia Andresen
ओ सोल नास्सर

sábado, 11 de abril de 2009

Muito além..

Praia da Tocha, 2008


Além da Terra, além do Céu,
no trampolim do sem-fim das estrelas,
no rastro dos astros,
na magnólia das nebulosas.
Além, muito além do sistema solar,
até onde alcançam o pensamento e o coração,
vamos!
vamos conjugar
o verbo fundamental essencial,
o verbo transcendente, acima das gramáticas
e do medo e da moeda e da política,
o verbo sempreamar,
o verbo pluriamar,
razão de ser e de viver.


लिबेर्ता-में

in além da Terra, além do Céu
, Carlos Drummond de Andrade

quarta-feira, 11 de março de 2009

Canção desse rumor..

Loreto, Itália 2008

Gosto de ti quando calas e estás como distante.
E estás como que te queixando, borboleta em arrulho.
E me ouves de longe, e a minha voz não te alcança:
Deixa-me que me cale com o silêncio teu.


Deixa-me que te fale também com o teu silêncio
claro como uma lâmpada, simples como um anel.
És como a noite, calada e constelada.
Teu silêncio é de estrela, tão longínquo e singelo.


Gosto de ti quando calas porque estás como ausente.
Distante e dolorosa como se tivesses morrido.
Uma palavra então, um sorriso bastam.
E eu estou alegre, alegre de que não seja verdade.

in Gosto quando te calas, Pablo Neruda

इ एउ कुएरो सेर फेलिज़..

sábado, 10 de janeiro de 2009

O lugar...

Covilhã, 2009

Já é noite e o frio
está em tudo que se vê
lá fora ninguém sabe
que por dentro há vazio
porque em todos há um espaço
que por medo não se vê
onde a solidão se esquece
do que o medo não previu

Já é noite e o chão
é mais terra para nascer
a água vai escorrendo
entre as mãos a percorrer
todo o espaço entre a sombra,
entre o espaço que restou
para refazer a vida
no que o medo não matou

mas onde tudo morre tudo pode renascer

Já é dia e a sombra
está em tudo que se vê
lá fora ninguém sabe
o que a luz pode fazer
porque a noite foi tão fria
que não soube acordar
a noite foi tão dura
e difícil de sarar

Já é dia e a luz
está em tudo que se vê
cá dentro não se ouve
o que lá fora faz chover
na cidade que há em ti
encontrei o meu lugar
é em ti que vou ficar

पोर्कुए हा सेम्प्रे उम् अदेउस...